Eu sempre acreditei que as pessoas não precisam de muitas coisas
pra viver. Eu, quando era adolescente, me imaginava vivendo com uma mochila nas
costas, uma geladeira, um fogão, uma cama e meu computador. De fato, eu vivi mais
ou menos assim por todo o tempo em que passei na faculdade e morando sozinha,
então não sei muito bem quando foi que eu comecei a acumular coisas totalmente
desnecessárias na minha casa.
Esses dias eu estava lendo um blog que eu gosto bastante, o
Teoria Criativa, e vi que a autora está empolgada com um projeto de armário-cápsula.
Eu também não fazia ideia do que era isso, então explico: armário-cápsula
consiste, basicamente, na ideia de ter um número limitado de peças de roupa e
de sapatos pra usar durante determinado período. Então, por exemplo, aqui no
Brasil você poderia ter um armário cápsula para o inverno e outro para o verão,
ou um armário a cada seis meses, e assim por diante. Você define o período e o
número de peças, que necessariamente devem combinar entre si, sempre seguindo a
máxima “menos é mais”.
Exemplo de armário-cápsula. Foto por Outfitposts.com |
Eu achei essa ideia bem interessante por dois motivos:
primeiro, porque sempre tive dificuldade em escolher roupas. Eu tinha no armário
as roupas que eu amava e usava toda hora e as que eu nunca usava. Em segundo
lugar, porque me fez perceber a quantidade absurda de roupa que eu tinha e que
não usava. Eu assumo que ainda não tive tempo pra analisar o que vai ou não
fazer parte do meu armário-cápsula, mas eu já separei mais de dois terços de tudo
o que eu tinha no armário pra doar. Isso sem contar o que resolvi descartar por
estar em mau estado. Então eu posso dizer que as mudanças na minha vida já
começaram aí!
Isso coincide com uma fase muito curiosa pela qual estou
passando. Eu defini algumas prioridades e, para conseguir colocar em prática
todos os meus planos, estou economizando mais. Isso quer dizer que eu tive que
rever os meus gastos e perceber no que eu poderia e não poderia economizar. Ao
mesmo tempo em que percebi que eu e o Marcus somos pessoas de gostos muito
simples, eu notei quantos gastos inúteis eu tinha sem nem mesmo refletir sobre
eles. Por exemplo, eu pagava a mensalidade do Spotify pra usar uma ou duas
vezes no mês. Eu comprava esmalte toda semana e eu tenho uma caixa inteira de
esmaltes cheios em casa. Parece pouca coisa, mas estou percebendo que se você
economiza com as coisas bobas um bom dinheiro acaba indo para o cofrinho. Eu
parei de focar nas coisas e passei a focar nos momentos. E agora eu vou te
contar um segredo que nem a televisão e nem a internet querem que você saiba:
bons momentos custam muito menos do que boas coisas.
Isso tudo está me fazendo notar o quanto é fácil se
desapegar do que é material. Eu sempre me vi como uma pessoa emocionalmente
apegada a tudo e a todos, então achava que todo esse processo seria muito mais
doloroso. Adivinha? Não é. Não é nada difícil se livrar do que é inútil, e
esse processo de aprendizado está sendo interessante, pra dizer o mínimo.
Um beijo e bom resto de semana!
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